Ele na minha vida e uma vida cheia

O mundo pode estar a cair, que o brilho nos olhos vai ser o mesmo. O mundo pode estar a cair, mas a calma e a paciência mantém-se. O mundo pode estar a cair, que ele faz exatamente o que tem de fazer e no tempo certo. O mundo pode estar a cair, mas eu quase que garanto que o sorriso não se altera e que o abraço tem a mesma força. O mundo pode estar a cair – e ele vai ter medo de certeza – mas a preocupação vai para os que estão à sua volta.

Sabes? O mundo pode até nem estar a cair, mas a verdade é que o meu cai sempre que estou com ele. Ele é o meu refúgio, o meu respirar fundo, o meu “estou a salvo”. E eu nunca me conheci tão segura desde há uns meses para cá.

Sabe ouvir sem pressas e desencanta tempo dos bolsos quando o relógio não deixa de outra forma. (E são tantas as vezes!) Faz-me acreditar que tempo são cinco letras juntas e que não há limites por muito que digam que o dia tem 24h. Ele sabe que não tem. Ele sabe que limites são criados por nós e prefere viver sem eles. São escolhas. E secalhar é por isso que não tem horas certas e que “atraso” é nome do meio… e talvez apelido. Eu não levo a mal.

Usamos o “dorme pouco mas bem” e insistimos em dormir pouco todos os dias. O sono é algo do transcendente, não? Secalhar não porque depois vêm as olheiras e o cansaço acumulado que não deixam disfarçar, mas nem isso nos tira a beleza. Somos vaidosos de maneira igual, mas ele consegue ser mais convencido que eu. Ele sabe que é giro e sabe o quanto eu o acho giro. Eu só sei que sou gira quando compro uma blusa nova, mas ele gosta de mo lembrar mesmo quando estou de cabelo apanhado ou com borbulhas na cara.

Sabes? Às vezes as nossas agendas dizem que somos incompatíveis. Há semanas que parecem loucas, dias sem fim e parece não haver forma de nos encaixarmos no pouco tempo um do outro. Sinceramente não sei como, mas isso transforma-se num boato de rua quando inventamos horas para nos vermos. E vemo-nos sempre.

Tem a cabeça na lua, mas vive de pés na terra – ou pelo menos tenta. Conhece a razão melhor que as próprias cócegas e gosta de se rir sem fim com vídeos de humoristas ou de nada. Ele ri-se por tudo e por nada e isso deixa-me babada. Feliz. Genuinamente feliz. Ele é exigente com ele próprio. Comigo também o é, mas à boa maneira de um principe encantado. Cobre essa exigência com mimos e motivação. Ele quer que eu dê o meu melhor. Ele não acredita em desculpas. Ele acredita em mim. 

Nem sempre somos assertivos, nem sempre somos da mesma opinião, nem sempre gostamos das mesmas coisas e nem sempre sentimos o mesmo pelas pessoas. Às vezes sou egoísta. Às vezes ele é egoísta. Somos a consciência um do outro e o alarme que falta a muito boa gente. Olha mais uma razão para ser uma sortuda!

O mundo não é cor-de rosa. Ele sabe disso. Ele sabe disso e insiste em dar-me a caixa de lápis de cor para o colorir como bem entender. Ele gosta de preto e branco, mas só na roupa. Na vida, ele é de cores, de emoções fortes, de lamechices, de palavras cheias, de surpresas. Ele faz-me surpresas… e eu a ele. A cor preferida? Continua o laranja.

Sabes? Acho que temos uma relação “à medida”. Ele dá-me na medida que eu lhe dou. E juro-te que não há coisa mais bonita do que olhar para ele e o ver por dentro. Sim, olha-se para ele e é impossível não o ver por dentro. Ele tem o coração na boca e é um fala barato. Mas eu também. Ele gosta que eu o ouça. E eu ouço. Conta histórias, aventuras, fala do jiu jitsu como se o amor partisse de uma arte marcial. Que o amor é arte isso sei eu, mas o nosso não é marcial. É capaz de ser marciano. Não é deste mundo, nem tão pouco deste planeta. E eu gosto que seja assim.

Acho que descobrimos o sentido de “alma gémea”. Somos gémeos um do outro e há dias que dá raiva e vontade de rir. Não faz sentido termos mil e uma coisas em comum, termos mil e um gostos parecidos, termos mil e um objetivos diferentes mas iguais na motivação, na garra, na forma. Ele sabe que me conquista quando me leva a jantar fora. Não preciso que ele pague e ele sabe disso. Ele sabe que eu sou um bom prato e fica de orgulho ferido quando sou eu a comer-lhe o que deixa de lado. Às vezes como mais que ele, outras dá-me um bom avanço. Até os nossos estômagos são parecidos. Comer muito devia ser regra de etiqueta e comer o que apetece nem sequer devia engordar. Temos a mesma mentalidade e uma lista infinita de restaurantes para ir. Temos o objetivo de emagrecer, mas esse renova-se a cada mcflurry ou sundae ou cheatmeal. Eu gosto de salada com muito vinagre. Ele também. O meu chocolate preferido é o de leite. O dele também. Gosto de ir ao cinema, gosto de passear, gosto de calças de ganga clara e de desafios. Ele também. Gosto de pipocas e de lhes acrescentar topping de m&m’s. Ele come as pipocas e eu como os m&m’s. Ele gosta de dormir até tarde e eu sou de manhãs. Ele prefere milka. Eu prefiro nestlé. Ele prefere refrigerantes e eu prefiro água das pedras, mas preferimos, os dois, ver o copo meio cheio. Sempre. Somos positivos a tempo inteiro e não temos medo de errar.

Confiamos um no outro, de olhos fechados e sem hesitar. Sabemos que não faz sentido ser de outra forma e fazemos o nosso amor rimar com respeito. Respeitamos o espaço um do outro. Respeitamos o tempo um do outro, mas não aguentamos 48h sem nos vermos. Respeitamos o que cada um sente e diria que temos um nível de compreensão acima da média (e nem deve haver média para a compreensão). Ele não me repreende. Ele percebe-me. Percebe mesmo! Deve ser por isso que não nos chateamos nunca, por sermos melhores amigos e por cumprirmos com tudo o que isso implica.

Ele gasta tanta gasolina por minha causa... Temos muita coisa parecida, mas a morada não é uma delas. Gostamos de ouvir música no carro e de cantar. Ele decora as letras mais rápido que eu e torna-se injusto quando sou eu que gosto mais da música. Mas não me chateio. Cantamos ao mesmo ritmo apesar dele dizer que não tenho ritmo nenhum. Para que interessa ter ritmo se temos cantores? Ele é o meu cantor preferido e tem a mania que consegue ir aos agudos. Bom, isso dava para uns quantos parágrafos…

Não suporta que lhe aperte o nariz e eu detesto que me despenteie as sobrancelhas. Não lhe posso pisar as sapatilhas novas, mesmo quando já têm meses. Eu não gosto que ele me esfregue a cara e me tire a maquilhagem.
Ele tem a mania que tem razão em tudo. É teimoso. Eu tenho a mania que tenho razão em quase tudo. Sou mais teimosa. Ele cede porque gosta de mim e de me agradar e eu rio porque as nossas decisões são sempre divididas e valorizo isso. Às vezes não percebe porque é que as pessoas não pensam da mesma maneira que ele. Eu explico-lhe. Às vezes fico ansiosa e tento ser impulsiva. Ele puxa-me. Faz-me ponderar.

Conhecemo-nos há algum tempo e secalhar estivemos só à espera um do outro. À espera do tempo certo, sabes? Não é que haja respostas certas, mas parece que o que nos une arranja sempre solução e a solução foi juntar-nos mais tarde. Acreditamos os dois no destino, com a mesma convicção e parece estúpido. Ninguém compreende. Ou ninguém acredita. Mas bastamos nós. 

Somos de clichés, de emojis nas mensagens e corações com stock infinito. Somos um do outro e, agora que as “coincidências” nos juntaram, que não nos larguemos nunca.

Sabes? Eu gosto dele. Sem fim. Como o stock dos corações e dos abraços apertados.

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