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A procura de emprego hoje

Às vezes apetece-me dizer "Basta! Não quero mais!". Mas não posso. Não posso porque tenho 21 anos. Não posso porque sou recém-licenciada e "não tenho formação suficiente" para dizer seja o que for. A procura por emprego ou por um simples estágio é tão difícil quanto ingrata. Querem-nos dinâmicos, criativos, empenhados, mas não respondem a um único e-mail ou carta (sim, até cartas tenho enviado com medo que o e-mail tenha caído em desuso). Querem-nos com vontade de arregaçar mangas, com vontade de aprender e de ser mais e melhor, mas não nos dão feedback algum ou explicam o que falta no nosso CV. Querem umas tantas palavras bonitas e cativar-nos sem retorno. Sempre sem retorno! Querem tanto de nós e nós, de cabeça para baixo, damos-lhes mais do que o que pedem. E porquê? Porque não temos outra hipótese e, mesmo assim, quando olhamos à nossa volta parece uma corrida de contactos e quem não os tem... fica de fora! Sinto cada vez mais que a persistência e a proativi

Sobre sonhos e sonhos a meias

Quando aperta o coração é bom sinal. Quando ele bate mais depressa é bom sinal. Quando ele para por segundos é bom sinal. Estás a sair da rotina, estás a sair da tua zona confortável e (dizem eles) estás a crescer. Depois leem-se textos bonitos e palavras que te dão motivação. Vai. Arrisca e vai sem medo. E a verdade é que não tinha medo porque pouco pensei na decisão. Decidi querer mais e vim para longe. Para o incerto. Para o que não conheço e o que não me conhece. Vim para onde teimava que queria vir. [Dizem que as melhores opções são tomadas por impulso. Se foi a melhor decisão ou não ainda não descobri, mas que foi por impulso não tenho dúvidas.] É que às vezes o coração aperta mais do que o suposto e os pés começam a tocar no chão. Percebes que é a realidade. O que tu sonhaste é realidade, mas no meio de todas as inseguranças e medos e novas rotinas e promessas, esqueces-te que era um sonho, esqueces-te do que trabalhaste para chegar onde estás, esqueces-te do quão grat

Perdi-te sem aceitar retorno

Perdi-te! E soube que te tinha perdido antes de tu te teres encontrado! Quando o espaço entre as palavras ia sendo maior e o silêncio deixou de fazer sentido. Sim, eu perdi-te quando o silêncio deixou de fazer sentido! Quando a tua preocupação passou a ser o nó de gravata em vez do beijo antes de saíres. Quando o teu aconchego nas noites frias passou a arrefece-las ainda mais. Eu apercebi-me de que te estava a perder quando olhavas para mim e não me vias por dentro; quando o vazio dos teus olhos passou a ser rotina.  E eu? Eu nada fiz para que fosse diferente. Não pus um cobertor sobre nós nas noites de inverno, não comentei quando o silêncio se tornava, vê lá tu, constrangedor. Ajudei-te no nó de gravata e ignorei o teu olhar, já sem brilho. Fi-lo porque o amor não são remendos. Não são promessas em vão, nem pedidos de mudança. Nunca te ia pedir que mudasses...  Limitei-me a  garantir a tua sinceridade e, no meio de todos os teus rodeios, cumprias. E isso bastava. E bastou para per

Para ti, Ana

[Para a minha amiga Ana] Raramente me dá razão, mas insiste em responder a todas as minhas ideias estúpidas. Ele sabe que me pode fazer crescer. Não percebe tudo o que digo, até porque às vezes nem sequer faz sentido, mas prefere acenar a cabeça com entusiasmo. Ela sabe como me calar. Respeita o que digo e o que como (sobretudo o que como) e sabe que o que me faz mais feliz é um bom prato de comida. Ela sabe que eu não tenho prato favorito. Não percebe a minha energia e solta um sorriso já cansado quando se cansa de me ouvir. Ela sabe que eu preciso que ela me ouça. Conto histórias e sentimentos, sou melosa numas vezes e indecisa noutras, mas ela gosta de olhar para mim e fazer-me sentir pequena. Ela sabe que eu exagero e que vivo intensamente. Não acredita em príncipes encantados nem em super heróis. Não acredita no sucesso sem trabalho e secalhar nem acredita no sucesso. Para ela não há limites e prefere a racionalidade e os pés na terra. Sim... eu uso os pés no ar e ela na t

Ele na minha vida e uma vida cheia

O mundo pode estar a cair, que o brilho nos olhos vai ser o mesmo. O mundo pode estar a cair, mas a calma e a paciência mantém-se. O mundo pode estar a cair, que ele faz exatamente o que tem de fazer e no tempo certo. O mundo pode estar a cair, mas eu quase que garanto que o sorriso não se altera e que o abraço tem a mesma força. O mundo pode estar a cair – e ele vai ter medo de certeza – mas a preocupação vai para os que estão à sua volta. Sabes? O mundo pode até nem estar a cair, mas a verdade é que o meu cai sempre que estou com ele. Ele é o meu refúgio, o meu respirar fundo, o meu “estou a salvo”. E eu nunca me conheci tão segura desde há uns meses para cá. Sabe ouvir sem pressas e desencanta tempo dos bolsos quando o relógio não deixa de outra forma. (E são tantas as vezes!) Faz-me acreditar que tempo são cinco letras juntas e que não há limites por muito que digam que o dia tem 24h. Ele sabe que não tem. Ele sabe que limites são criados por nós e prefere viver sem eles.

Português nas escolas portuguesas

A disciplina “português”, no ensino secundário, é uma piada em forma de aulas. E o programa (como eles gostam de chamar) começa com “poesia Trovadoresca”, começa algures na idade média, começa longe da realidade, começa no passado como se nada no presente houvesse de mais relevante. Passa por Gil Vicente e literatura morta que certamente interessará àqueles que a quiserem seguir, de futuro, e não aos próximos médicos, jogadores da bola, economistas. – Tragam presente para o português das escolas, ensinem futuro, ensinem a realidade! – Depois falam brevemente de Camões, vangloriam um Portugal que não existe, feitos, coragem, ousadia que já passou… Esperem. Mais tarde eles vão voltar a Camões, que não basta uma só viagem de enjoos no secundário! Levam com o Sermão de Santo António aos Peixes. “A terra está corrupta” e essa é uma verdade atual, mas não ensinem isso às crianças! Levam com o Frei Luís de Sousa, levam com os Maias, com a ação trágica, com o diletantismo e não o aplicam na

Sussurro

Hoje decidi escrever-te. Escrever-te de coração cheio e de cabeça vazia.             Escrever-te como uma página em branco. Escrever-te sem passado nem futuro. Escrever-te. E pronto. Hoje decidi que vales muito mais do que os erros que cometes, do que as palavras que não dizes, do que as atitudes que não tens, do que o abraço que, por orgulho, não dás. Hoje decidi que te quero amar para sempre. E aqui estou, despida de mim e do mundo, a olhar para a beleza das tuas falhas… a ver-te por dentro. Na verdade, cansei de futurologia, do incerto e do destino. Cansei do medo descabido do desconhecido. Cansei das expectativas sem retorno. Cansei de pensar, sabes? Cansei. Quero humanos falíveis e imperfeitos. Quero-te falível e imperfeito. Quero-te com todos os defeitos. Quero-te como és e com o teu prazo de validade. Sem justificações complexas, sem pensamentos alucinantes, sem prever o imprevisível. Quero-te simples e irracional. [Não bastará para sermos felizes para sempre? Um amo