Sobre sonhos e sonhos a meias
Quando aperta o coração é bom sinal. Quando ele bate mais
depressa é bom sinal. Quando ele para por segundos é bom sinal. Estás a sair da
rotina, estás a sair da tua zona confortável e (dizem eles) estás a crescer.
Depois leem-se textos bonitos e palavras que te dão motivação. Vai. Arrisca e
vai sem medo. E a verdade é que não tinha medo porque pouco pensei na decisão.
Decidi querer mais e vim para longe. Para o incerto. Para o que não conheço e o
que não me conhece. Vim para onde teimava que queria vir.
[Dizem que as melhores opções são tomadas por impulso. Se
foi a melhor decisão ou não ainda não descobri, mas que foi por impulso não
tenho dúvidas.]
É que às vezes o coração aperta mais do que o suposto e os
pés começam a tocar no chão. Percebes que é a realidade. O que tu sonhaste é
realidade, mas no meio de todas as inseguranças e medos e novas rotinas e
promessas, esqueces-te que era um sonho, esqueces-te do que trabalhaste para
chegar onde estás, esqueces-te do quão grata te devias sentir.
Parece que, de repente, nada vale mais a pena do que voltar.
Voltar para onde é sempre quentinho, quer a vida corra bem ou mal. Voltar para
o seguro, para o previsível, para o pouco desafiante, mas que ainda assim me
deixa feliz.
Desde que estou longe de ti que não penso noutra coisa.
Talvez tenha virado imatura ou egoísta mas sinto saudade a toda a hora. Será
psicológico? Será que sinto mais a tua falta quando estás a 300km? Os quilómetros
influenciam o coração? Influenciam o amor? Sempre achei que não, que o “amor à
distância” era bonito e mais que possível e que os fins de semana bastariam
para encher o coração e matar as saudades de uma semana. E até chegava… Chegava
se essa semana tivesse sido uma semana normal. Como a tua! Mas não. Foi uma
semana com altos e baixos diferentes dos teus. É que tu sabes melhor que ninguém
que sou de pessoas e de risos fáceis e aqui não tenho amigos e os lisboetas
pouco se riem.
Gosto de desafios e tu apoias-me em cada um deles. Este é mais um e a verdade é que melhor palavra não tem havido nos últimos tempos. Costumo ser positiva todos os dias, mas confesso que a rotina me tira a piada e o meu trabalho de estagiária tem sido pouco desafiante.
Gosto de desafios e tu apoias-me em cada um deles. Este é mais um e a verdade é que melhor palavra não tem havido nos últimos tempos. Costumo ser positiva todos os dias, mas confesso que a rotina me tira a piada e o meu trabalho de estagiária tem sido pouco desafiante.
Sabes? Custa-me
ter amor só aos fins de semana. Apetece-me amar-te à quarta e às vezes à
quinta, mas o facetime não dá para tudo e contento-me com o teu sorriso. [Já te
disse que tens o sorriso mais bonito do universo? É verdade!] Custa-me entender que
o tempo não para porque estou noutra cidade. Custa me perceber que a tua vida
continua exatamente igual. Que tens as mesmas responsabilidades, as mesmas
tarefas, os mesmos horários (apesar de nunca teres sido bom com horários). Não faz
sentido eu os perturbar. Não faz sentido eu tirar-te do sitio só porque morro
de saudades e te quero comigo. Quem quis sair do “sitío” fui eu e não tu.
És meu em part-time e eu, feita egoísta, queria-te por
inteiro.
Nunca me chamei mimada, mas começo a pensar que contigo sou
a maior mimada à face da terra. É
que os sonhos são bons e às vezes nem lhes damos valor. Fazes-me pensar que não faz
sentido sonhar sem te ter por perto, que não faz sentido planear a minha vida
sem olhar para a tua e que namoros à distância são bonitos mas que fiquem para
os corajosos. Eu não quero mais. Quero que saias da zona de conforto comigo e
quero que estejamos na mesma cidade e que eu possa ir a correr ter contigo às
19h, 20h ou à 1h da manhã.
Às vezes só queria a tua mão na minha e um olhar real. Eu
tenho espaço que sobra na cama e uma escova de dentes azul à tua espera! Tenho
comida para os dois e até posso aprender a fazer o arroz de carne da tua avó!
Tenho uma secretária onde podes trabalhar e limpo o pó todos os dias se for
preciso para as tuas alergias. Olha, eu não me importo de lavar a loiça toda…
eu sei que não gostas de o fazer. É que eu só quero tomar conta de ti.
[É quase utópico, eu sei, e o pior é que o “quase” está só a
enfeitar.]
Sei o quanto me querias por perto, sei que de vez em quando
sentes a minha falta e sei que quando estamos juntos a taxa de felicidade do
país dispara num abrir e fechar de olhos.
[Poucas vezes fechamos os olhos, já reparaste? Contigo o
sono aparece de vez em quando mas a vontade de parar o relógio consegue ser bem
maior... Nem quando fechamos os olhos nos amamos menos. Eu sei que, no dia
seguinte, o amor cresceu e tu estás no mesmo sitio. “À minha esquerda de quem
está de frente para a cama”.]
Não sei quanto a ti, mas a partir de agora os meus sonhos
dependem dos teus. Apercebi-me à pouco que o meu verdadeiro sonho estava perto
e que eras tu. Tu e a promessa de que não há tempo definido para nós.
Continuo na zona desconfortável e a contar os dias para te
ver. Não é (só) por seres bonito, é por precisar de ti mais que de sol e que
dos “até já” que dizemos sem fim como se nos fossemos ver horas mais tarde… e
não! Só na semana seguinte. Sempre só na semana seguinte.
Aqui fica, então, mais um até já, de coração apertado e com
a lembrança que te amo de segunda à sexta, a 300 km de distância e da mesma
forma.
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