A procura de emprego hoje

Às vezes apetece-me dizer "Basta! Não quero mais!". Mas não posso. Não posso porque tenho 21 anos. Não posso porque sou recém-licenciada e "não tenho formação suficiente" para dizer seja o que for.

A procura por emprego ou por um simples estágio é tão difícil quanto ingrata. Querem-nos dinâmicos, criativos, empenhados, mas não respondem a um único e-mail ou carta (sim, até cartas tenho enviado com medo que o e-mail tenha caído em desuso). Querem-nos com vontade de arregaçar mangas, com vontade de aprender e de ser mais e melhor, mas não nos dão feedback algum ou explicam o que falta no nosso CV. Querem umas tantas palavras bonitas e cativar-nos sem retorno. Sempre sem retorno! Querem tanto de nós e nós, de cabeça para baixo, damos-lhes mais do que o que pedem. E porquê? Porque não temos outra hipótese e, mesmo assim, quando olhamos à nossa volta parece uma corrida de contactos e quem não os tem... fica de fora!

Sinto cada vez mais que a persistência e a proatividade que tanto exigem se vira contra nós em frustração e desânimo. É que quando se está do lado de cá, quando se entra em contacto com mais de 15 empresas diferentes sem uma única resposta, o coração aperta e sentimo-nos perdidos. Eu, de certeza como muitos, já tentei de tudo. Chamadas, e-mails, cartas, cartas em embalagens de sumo e outras tantas ideias criativas. Tudo isso personalizado, claro. Cada empresa é uma empresa e merece o seu devido tratamento.

Sei bem que recebem dezenas ou centenas de e-mails por dia. Sei bem que têm a agenda cheia semana após semana. Sei bem que a vida complica do lado de lá também. Mas até que ponto faz sentido esquecerem-se de quem provavelmente estará no lugar deles amanhã? Até que ponto vale a pena perder o contacto de um jovem interessado e que pode superar expectativas? Se não é a altura certa, se não precisam de ninguém no momento, podem dizer-nos. Só precisamos de uma resposta e, seja ela qual for, vamos perceber e provavelmente no próximo ano candidatamo-nos novamente, ou daqui a dois ou daqui a três.

Será pouco prometer o meu melhor?

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