Perdi-te sem aceitar retorno

Perdi-te! E soube que te tinha perdido antes de tu te teres encontrado! Quando o espaço entre as palavras ia sendo maior e o silêncio deixou de fazer sentido. Sim, eu perdi-te quando o silêncio deixou de fazer sentido! Quando a tua preocupação passou a ser o nó de gravata em vez do beijo antes de saíres. Quando o teu aconchego nas noites frias passou a arrefece-las ainda mais. Eu apercebi-me de que te estava a perder quando olhavas para mim e não me vias por dentro; quando o vazio dos teus olhos passou a ser rotina. 

E eu? Eu nada fiz para que fosse diferente. Não pus um cobertor sobre nós nas noites de inverno, não comentei quando o silêncio se tornava, vê lá tu, constrangedor. Ajudei-te no nó de gravata e ignorei o teu olhar, já sem brilho. Fi-lo porque o amor não são remendos. Não são promessas em vão, nem pedidos de mudança. Nunca te ia pedir que mudasses... Limitei-me a  garantir a tua sinceridade e, no meio de todos os teus rodeios, cumprias. E isso bastava. E bastou para perceber que te estava a perder aos poucos! Tinhas despido o escudo, baixado a espada, estavas cansado e eu não podia fazer nada. 

Dizias que o amor é uma luta constante e eu acrescento que só se faz quando as duas espadas estão para o mesmo lado, ambas na mesma direção! E a tua... a tua foi derrotada. Derrotada por ti próprio no dia que deste prazo ao nosso amor. 

Eu prometo-te que não vou chorar por ti, mas também te posso garantir que me vou trair todas as noites, por mais que diga o contrário. E antes de voltares lembra-te que o que deixaste para trás, ficou no passado e que há escolhas que, ao contrário do nosso amor, não têm prazo.

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